domingo, 8 de novembro de 2009

"A Cidade do Sol"

Meu namorado me presenteou com esse livro faz um certo tempo. Confesso que entrei em off lendo esse livro; eu realmente viajei por Herat, pela kolba onde Mariam morava com Nana, por Cabul, pela família de Laila e pelas ruas que passava quando criança com Tariq,por toda guerra que o Afeganistão passou e que o autor conseguiu reproduzir fielmente no texto.

A cada parágrafo eu me empolgava mais e mais. E também percebi coisas, agradeci por muitas outras e mudei minha visão sobre tantas outras.

Percebi como é difícil ser mulher em certos lugares no mundo e que elas são tratadas quase ou pior do que escravas.Percebi e agradeci a grande sorte que eu tenho por ter nascido neste país, que por mais defeitos que tenha pelo menos não trata todas as mulheres com socos e violências extremas. Agradeci por nunca ter presenciado uma guerra como aquelas; mesmo que a guerra civil que acontece por aqui entre polícia e traficantes, é insignificante comprado à História daquele país que há muito não tem tempo de paz.

Agora mais que antes eu quero ser alguém. Agora mais que sempre as mulheres tem que ser alguém. Olha quantas morreram nas mãos dos maridos enfurecidos, olha quantas outras suicidaram-se para não aguentar mais a dor diária de uma surra, isso sem falar quantas não tem os direitos básicos respeitados, como um hospital, como poder casar com que bem entender, como poder usar as roupas e maquiangens que bem entender, poder trabalhar. É por essas e tantas outras mulheres com as histórias de vida tão submissas que eu definitivamente me reuso a ser assim.
Eu lia e imaginava como seria se elas tivessem uma cultura diferente...Tinham tantos sonhos simples, pensavam sempre de forma tão limitada, e os homens se aproveitavam dessa cultura para não deixar brecha para elas. Eu imagino como deve ser, quando há uma televisão, ver mulheres presidentes, médicas, donas de empresa e mães participantes etc e não conseguir sequer pensar nelas dessa forma, sem nenhuma esperança de um dia conseguir alguma coisa além dos panos de suas burqas e dos portões da casa de seus maridos.

A parte desse livro que me deixou mais convicta de tudo que mencionei aqui foi quando, após uma infinidade de guerras, o Talibã conseguiu o domínio daquela região. Isso não faz muito tempo, pensar assim me deixa absurdamente pasma. As leis com as mulheres deixavam evidente que elas não passavam de um objeto descartável e imundo, todas acabavam com surras ou algo pior.

Gente, eu não acho justo chegar aqui e falar da cultura deles porque cada um tem a sua e isso não se discute. Mas o que eles fazem lá é desumano, é crueldade sem a menor desculpa de cultura e/ou qualquer outra.

Aí chego à conclusão da sorte que nós, que somos instruídas para não passar por nem metade disso tudo, temos e muitas não aproveitam. Nós vivemos onde ninguém pode decidir por nós, nem nos surrar diariamente; aqui nós temos direitos. Para um parte das mulheres só falta a vontade e a coragem de fazer valer esses direitos, só falta a voz que gritar "chega", declarando independência.

Para quem conseguiu ler até aqui...

Caso você esteja se perguntando aí se eu sou alguma espécia de maluca ou feminista ou os dois, eu aconselho a ler esse livro. Você vai viver outra realidade. O que seria o cúmulo para qualquer um de nós para eles é a lei.



Beijooos gente, até mais

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