domingo, 30 de janeiro de 2011

Cotas

A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) conta com um sistema de cotas que merece meu comentário.
Gostaria de saber onde, em nossa Constituição, está escrito que podemos segregar( de forma mais discreta, sim, mas é isso) indivíduos de acordo com grupos, cor ou profissão dos pais. Até onde eu sei a primeira regra básica é: somos todos iguais perante a Lei ( leia-se: com os mesmo direitos e deveres).
Aparentemente essa regra não é válida quando a intenção é mascarar preconceitos e fugir de soluções permanentes (numa sociedade hipócrita, as soluções permanentes sabem criar pernas e correr =D ).
Me corrijam se estiver errada, mas a grande diferença entre negros e brancos está na melanina, uma ou outra doença, mais possibilidades de câncer de pele, e mais o quê? Nada. Intelectualmente? Nada.
Um certo professor. defensor de cotas (e as usa também), perguntou a uma amiga para quem mandaria a conta dos 400 anos de escravidão, para ela ou para o pai.
Pergunta interessante.
E péssimo argumento/fuga.
Desde sempre os povos que perdiam batalhas eram escravizados, e isso independente se eram negros, brancos, azuis, vermelhos, amarelos ou rosa com pintinhas roxas.
Logo, se querem dar cotas porque os ancestrais de fulano foram escravos, todos têm o mesmo direito de reivindicar isso.
Isso sem falar dos que têm avós ou algum dos pais negros mas que, por pegadinha da genética, nasceram brancos.
Minha avó era negra. Minha mãe só nasceu branca dos olhos verdes graças ao meu avô, judeu de origem alemã. Convenhamos  que meus antepassados tiveram a mesma história dos desse professor, eu ser branca é mero detalhe.
Se povos que sofreram repressão garantem cotas ao decendentes... eu vou cobrar a minha então. Além de ter família negra, os decendente de judeus que fugiram do nazismo marecem uma 'ajudinha' também. Suponho que eu devo exigir concorrer por duas cotas então.
Sabem por que isso não vai mudar tão cedo? Pura hipocrisia.
O governo que permite essas cotas é o mesmo que sabe que a maioria que vive em favelas e é estatística em criminalidade é negra. Foi um erro histórico. A Lei Áurea não deu assistência aos ex escravos, tudo foi feito de repente, nada de planejamento.
Mas os tempos são outros.
OU será que não?
O que mudou foi a forma de discriminação, agora mais discreta.
As cotas são como crianças marrentas que batem, xingam, infernizam a vida de uma menorzinha e depois dão um pirulito só pra ela não abrir a boca; se fazem de coleguinhas e recomeça a sessão de opressão.Traduzindo: serve de 'cala boca'
A política deveria dar base para as pessoas vencerem por seus esforços.
Escolas públicas com estrutura(o que por sinal eliminaria mais uma cota: a de escola pública); professores valorizados, que saibam avaliar e sejam sempre avaliados;alunos com assistência além dos portões da escola. Fórmula que todos sabem mas ninguém põe em prática.
A consequência do velho hábito de "varrer para debaixo do tapete" são vagas e mais vagas sobrando, turmas enormes de cotistas  repetentes e sem aparente condição de prosseguir no curso, já que a base, o mais importante, falta.
Como vai ser pra um negro conseguir emprego assim depois? O empregador vai supor que eles usaram cotas. E por mais que seja um bom profissional, no primeiro momento (o da contratação, onde o que vale é o currículo), se entrou por cota é como se nem devesse ter feito a faculdade. Afinal, por regras normais nem estariam classificados. E imaginem a cabeça de quem emprega... como confiar plenamente em médicos, engenheiros, advogados e tantos outros que não entrariam em seus cursos se não fosse a 'ajudinha'?
No dia que alguém se interessar em mudar algo o merecimento e o ensino básico serão prioridade. Então todos que chegarem a uma faculdade será por merecimento e a disputa será justa.
Será que viverei para ver esse dia?
Honestamente, duvido muito.
É mais fácil fingir que todos são capazes, nada de anormal o 2000º  candidato entrar enquanto o na posição 200 torce por reclassificação e corre o risco de perder mais um ano estudando freneticamente. Viu, um país feliz ! =D

Isso vai também para as outras cotas...
Índios? Como assim? Nas reservas  há escolas também. E na teoria eles são cidadãos brasileiros como qualquer outro, também têm que contar com escolas de qualidade; se existe cotas para eles é porque, na prática, há algo de muito errado.
Deficientes físicos? Físico é diferente de mental; eles não são incapacitados de passar por seus méritos. Precisar de rampas, elevadores, condições especial pra fazer a prova? Tudo bem, mais que justo! é direito deles. Mas ter a vaga garantida é passar do limite, a capacidade intelectual está lá independente de uma cadeira de rodas. E justamente por serem pessoas capazes deveriam entrar na disputa como qualquer outro.
Filhos de policiais... Confesso que eu imagino o que se passa na cabeça de um candidato pensando se encontrará seu pai quando chegar em casa, só Deus sabe se vai sobreviver a uma dessas incursões aí. Porém vem a questão dos direitos e deveres iguais. Quanta gente já fez a prova com parentes internados, em luto, com problemas de saúde graves? Ninguém perguntou antes de fazer a prova se está tudo bem, muito menos ofereceu cota se o candidato não estiver em condição de se concentrar.

Não sou do tipo radical: "COTAS ACABEM JÁ!".
Como já disse... Tudo começa mudando a base da educação nesse país. Se começassem a mudar hoje eu particularmente daria um prazo de 5 anos até poder acabar de vez com cotas O problema é que ainda não tem gente trabalhando pra isso. E olha que estamos umas boas décadas atrasados, essa questão não é nova não.
Sou daquelas que aposta o futuro do país na educação. Formar bons profissionais começa aí.
Para fazer o Brasil ser um país de qualidade as pessoas que devem melhorar-- se capacitar, lutar ponto a ponto por vagas ( e assim só os melhores MESMO entrarão), aqueles que não conseguiram de primeira se aprimorar até conseguir no ano seguinte (por mérito). O sistema não tem que se adaptar às carências, e sim combatê-las.
Para ser bem sincera, nem vestibular deveria existir, por mais que não tenha muito a reclamar.
Eu acho que a partir de 5ª série (novo 6º ano) as crianças já deviam ser preparadas, já deviam focar na faculdade. Então, para escolher seus alunos, as faculdades deveriam analisar os históricos. Os melhores alunos, com pelo menos 70% das notas boas, sem muitas faltas, sem comportamento ruim nesse tempo todo que deveriam passar. Claro que casos de péssimos alunos (tendo uma melhora muito boa principalmente nas matérias do curso escolhido) merecem ser avaliadas como os de alunos excelente; ninguém deve desmerecer o interesse do aluno, por mais que tardio.
Creio que seja a melhor maneira de não ser injusto. Nesse Enem,por exemplo, quem acordar num dia bom passa; quem acordar resfriado e com cor de cabeça tenta de novo ano que vem porque com certeza não vai aguentar 180 questões num final de semana. Definitivamente injusto.

Enfim...
Espero conseguir presenciar o nascimento desse  novo país, fazendo parte da mudança.

3 comentários:

  1. Certo homem disse uma vez que as cotas deveriam existir por que era justo, levando em conta os 400 anos de escravidão que os negros tiveram que suportar. Entretanto, de uma outra pesperquitiva histórica, temos como exemplo homens como Maximilian Robes-pierre, Marat e outros, que durante um momento denominado de Revoluçao Francesa conseguiram um direito global conhecido como Declaraçao dos Direitos do homem e do cidadao, a qual diz que todos somos iguais perante a lei. Entao certas instituiçoes deveriam prestar mais atençao na historia e ver que o sistema de cotas fere muito mais do a constituiçao deste pais, fere também os direitos do homem.

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  2. que isso hein. ese daí já é um professor de história. rs
    ta certissimo Rafa. é apenas uma nova forma de discriminar, um que é permitida, é discreta. esse país ta todo errado

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