sábado, 3 de março de 2012

Comuniado

Oi, gente!!
Estou passando rapidinho por aqui só pra avisar que mudei de blog!
Este aqui não será apagado mas eu também não postarei mais por aqui.
Beijinhos =)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Moda Agora É A Inversão De Valores

Se prepara que o texto vai ser grande...






São 2:00 a.m...
Eu acabei de ver House e vi a reportagem inicial [e bem interessante] daquele programa [bem chatinho] chamado Fala Que Eu Te Escuto.
Resumidamente, se tratava de uma reportagem sobre o álcool, crianças que foram filmadas bebendo desde 2,3 anos de idade. Mostraram baile funk, aqueles meninas com as micro-roupas se expondo. Depois crianças e balada, já fumando e bebendo coisa bem fortes.

Há uns dois, ou quase três anos atrás mais ou menos, fui em uma matinê [na verdade na intenção de ver um show, mas enfim...] numa casa noturna aqui perto de casa. Eu com meus aproximados 16 anos cheguei, dancei, vi o show da banda que gostava e fui embora; me comportei bem direitinho mesmo estando num ambiente propício a erros de conduta.  Em contraste, haviam crianças de cerca de 11 ou 12 anos da seguinte forma: shorts que mais pareciam um cinto, tops que deveriam estar por baixo da roupa e não sendo ela, danças quase que sexuais, uma garrafinha de ICE na mão e um cigarro na outra.

Não me acho no direito de julgar o que deveriam ensinar a essas crianças. Até porque acho que sou nova demais pra ter moral pra dizer como se deve educar alguém.
Mas acho que posso dizer o que eu considero certo, o que ensinaria aos meus filhos nessas situações.

Em primeiro lugar, não deixaria nem minha filha sair de casa com uma roupa dessas.Melhor: não compraria uma roupa dessa pra minha filha jamais.
Concordo que crianças com uma certa idade precisam escolher como se vestir para exercitar a capacidade de decisão e expressão. Mas crianças são crianças- e devem se vestir e se comportar como tal. Garotas com 11 anos, por mais crescidinhas e maduras que digam ser, não devem se vestir como símbolo sexual. Começa com as roupas e daqui a pouco se acham crescidinhas pra fazer muitas outras coisas, se é que me entendem.

Em segundo lugar... Qual a graça em beber? Isso é uma pergunta, sério.
Porque na minha concepção de pessoa chata e antiquada, o álcool só serve para alienar as pessoas, que vão buscando diversão e voltam com ressaca, vergonha, amnésia ou más lembranças.
Sim, porque gosto bom aquilo não tem. Aquelas porcarias de bebidas só servem pra esquentar a garganta, o que é incomodo num país quente pra cacete como o nosso.
A graça é ficar bêbado? Então me explica... Você lembra o que fez na noite anterior? Se lembra, você concorda com suas ações totalmente? Se não, do que adiantou beber?  Ainda não achei a diversão nisto.
Ah, vai entender o que passa na cabeça de gente que gosta de provocar amnésia ou constrangimentos gratuitos né... desisto de entender.

Em terceiro lugar: é absolutamente IN-CRÍ-VEL como no século XXI, com uma porrada de informação, internet, conversas abertas e tv, essas crianças retardadas inventam de fumar.
Gente assim tem tendência suicida, sem a menor dúvida. Só assim pra explicar como escolhem acabar com seus pulmões, correr mais riscos de câncer e doenças respiratórias, comprometer sua capacidade física permanentemente e por aí vai.
Há uns 20 anos atrás, onde a mídia incentivava o fumo e ninguém sabia realmente o que poderia causar, a ignorância até justificava o vício do cigarro. Agora convenhamos: hoje em dia começar a fumar mesmo sabendo o que causa? Só quem tá pedindo pra morrer.
Sem contar que essa porcaria é feita com mão de obra escrava por dívida e muitos pais de família se suicidam para livrar a família do trabalho escravo nas plantações de tabaco. Ninguém compra maço de cigarro pensando em quanta gente morreu para o caro viciado se envenenar né? Espero que a sensação de fumar valha a vida do pai de família, camarada (y).

Em último lugar...as danças quase sexuais.
Compartilho da seguinte ideologia: Se quer respeito, se dê ao respeito.
Porque na hora de se vestir, dançar e agir como uma prostituta, elas agem. Na hora que são tratadas como uma, todas elas ficam indignadas.
Se dança provocando um homem, fazendo movimentos a la Kama sutra, o que se espera é que seja uma mulher dessas mesmo. Oras, se não quer se confundida não faça.
Até porque, é feio, é vulgar. Se tem uma coisa bonita numa mulher de verdade é a classe, inteligência e a elegância, é o que as distingue das demais. Então, seja essa mulher digna de ser admirada, e não essas pra se levar pra cama.

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Agora vamos falar dos videos na Internet que mostram crianças bebendo =D

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAh como eu queria ser a juíza que incrimina esses pais. *__*

Não ia só dar uma sentença mas um sermão e tanto...

Sabe, a verdade é que eu sou chata. É difícil admitir mas é a verdade... Não posso ver essas asneiras que o sermão me vem logo à cabeça (junto com a raiva, indignação e a impaciência típicas de uma taurina ascendente escorpião). Sim, às vezes ser assim me faz sentir como uma velha carrancuda, mas prefiro acreditar que tenho uma personalidade bem resolvida :)

Na minha humilde opinião de nova com cabeça de velha, pais assim deveriam ser presos até seus filhos se tornarem maiores de idade, para não conviverem com essa má influência.

O que passa na cabeça oca desses supostos pais?
As crianças de hoje em dia, coitadas, são expostas a todo tipo de vícios e banalidades.
Elas são bombardeadas pela atual mídia, pela sociedade tão pervertida- e agora até pelos próprios pais, vejam só!

Caramba, pais são o melhor exemplo de proteção para uma criança... são o alicerce na construção de uma personalidade. São só o que há de mais importante na vida de pequenos seres humanos que precisam da sua visão de mundo para construir as próprias- só isso, nada relevante. ¬ ¬"

Minha geração é como um peão num jogo de Xadrez.A mídia, o rei, fica lá atrás protegida por suas torres [empresas], rainha [governo], cavalos [artistas e mais gente influente] e bispos [a manipulação religiosa faz parte sim];enquanto nós somos cobaias do que eles ditam ser certo. Nós somos experimentos do que grandes e poderosos esperam de uma sociedade, ficamos na linha de frente. Se algo dá errado, quem é sacrificado? Nós.
Deixem-me explicar o raciocínio...
A mídia é controlada por pessoas influentes em todos os segmentos; em resumo, as mesmas pessoas que controlam o mundo, seus governos, suas guerras, suas doenças (por que não?) entre outras coisas.

Essa gente fica por trás dos governos, das grandes empresas ou de qualquer outra forma de manipulação em massa. Eles determinam o que vai ser do mundo e que tipo de pessoas querem nele. E pra isso há a mídia, sua maior representação. É através dela que eles ditam padrões e educam 7 bilhões de pessoas a serem gado.

Sabem quando disseram que o ano 2000 seria o final dos tempos? Bem, foi o começo do final, digamos assim. Nele as coisas se aceleraram, e os investimentos da mídia em alterar o comportamento da sociedade se tornaram visíveis e incontestáveis.

Compare a Tv de 20 anos atrás com agora, por exemplo.
Atualmente tudo é muito explícito, chega a ser assustador. A violência foi tão exposta nas vitrines da TV que se tornou parte da nossa cultura, quase um hábito. O sexo deixou de ser algo zelado, e com isso as pessoas se tornaram bem mais sem vergonhas [sendo direta]. Os padrões de família se alteraram, e a sociedade seguiu o exemplo. Agora estão divulgando os homossexuais de forma bem escancarada também, e em menos de 5 anos perceba quantos apareceram [ Não, eles não se assumiram- eles apareceram.Tem adolescente entre 12 e 15 anos que já se diz homossexual, sem nem tem maturidade pra decidir isso e nem idade para experimentar antes de decidir. Então não venha negar a influência da mídia nisso, em pelo menos 80% dos  casos].
A música também se tornou um lixo. Letras cada vez mais vazias e incentivando as mesmas coisas relatadas acima. Músicas pornográficas, fazendo apologia a todo tipo de coisa, até corrompendo nitidamente a inocência de crianças.

Nós estamos sendo adestrados. Eles nos querem vazios. Eles querem que entremos em confronto.

E o que isso tem a ver com os bebês que bebem? Oras,  para ter chegado a esse ponto, você acha mesmo que a sociedade não está se caminhando para a perdição total?
Os bebês são o exemplo nítido da perda de valores. São um espelho do que a família está se tornando.
E isso tem uma causa, a mídia.

As músicas, os comerciais, as novelas... Isso está sendo impregnado na nossa cabeça aos poucos.

Hoje bebês bebendo são um absurdo. Mas guardem este texto e perguntem aos seus netos se ainda será um absurdo daqui a 50 anos. ;)

Vou dar exemplos...
Sim, eles estão dispostos a se jogarem num mar de fogo (qualquer semelhança com o Inferno é mera coincidência ¬¬) por um monte de cerveja. A vida deles vale umas garrafas de cerveja. Olha bem o que estão te ensinando. Obs.: E ainda dizem como lá é legal, ainda mostram como é divertido.

Reflitam: há dez anos atrás existia ESSE TIPO de divulgação de sexo e drogas? Era explícito assim? O que eles querem que você se acostume a ver na TV é isso.

Isso mesmo. Um ambiente que aparentemente é inocente e infantil na verdade se tornou pornográfico. A inocência se tornou simbolo sexual. O que isso significa? Depois aparecem pedófilos pra caramba e ninguém sabe explicar de onde surgem os monstros...

Tem mais... todo grande ídolo da música se vende, meu bem.
Se vende pra mídia, faz pacto, vende esse tipo de coisa para nos tornar marionetes.

E não só eles...
A Televisão está nos mostrando claramente qual sua função na manipulação das pessoas.
Veja a novela além do que te mostram. Veja como os valores se inverteram e como estão sendo divulgados de forma contraditória. Veja como o ser humano se tornou um pedaço de carne no açougue.
Não é difícil enxergar.
Honestamente eu vejo isso em cada filme, série ou novela, sem exceção. Eles nos cercam em todos os lugares.

Se você leu este texto desde o começo e tem pelo menos 18 anos de idade, lembre-se da sua infância e compare.
Lembre-se do que você via e ouvia e analise.
Não seja mais um na multidão.
Em um mundo de robôs, um ser pensante faz muita diferença.

Sabe, depois que me situei no mundo, a presença de Deus se tornou ainda mais forte e reconfortante na minha vida.
É porque sem o conforto e o aparo Dele, me sinto sendo usada e sem saída. Aliás, me sinto não; eu sou. E quem não é? Se você vai ao mercado ou assiste qualquer meio de comunicação, você é usado.Não há como fugir disso aparentemente....
Mas desde que permiti que Ele entrasse na minha vida, consigo ver que há saída sim, e é o conhecimento.Conhecimento não só do que nos cerca, mas também da Palavra de Deus.
Porque está tudo lá.
Cada uma dessas coisas está lá.
Eles nos mostrou isso há mais de dois mil anos, você pode comprovar lendo sua Bíblia.

Não estou querendo convencer ninguém de que a salvação está em Cristo e essas coisas...não sou alguém que prega isso abertamente por ai simplesmente porque isso não é algo que alguém possa ser convencido, a pessoa tem que sentir o chamado...afinal, quem sou para te dizer o que é certo para você.
Jamais chegarei e direi: Se não aceitar o Senhor você será condenado a isso e aquilo, então O siga, vamos nos salvar.
Eu não estou aqui para te dizer o que é certo.
Mas peço que não ignore o que te mostram todo dia. Abra os olhos!
Analise bem o que digo aqui, e veja com seus próprio olhos, aprenda a observar. Quando ver tudo que eu vi, vai perceber que Deus é a única coisa de verdade nesse mundo de ilusões em que vivemos. Vai enxergar como o mal está em todo canto e esperando por sua incredulidade para agir.

Eu mudei por Ele, e para Ele. Hoje não pertenço mais a essa Terra, estou aqui não só de passagem mas com a missão de fazer minha parte como sua filha e seguidora.
Uma minúscula parte fiz aqui, com você lendo este texto.

Obrigada pela atenção.
E reflita.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Retornando...

Este blog está um tanto abandonado ultimamente, eu sei. Não é por falta de vontade de atualizá-lo, de escrever-  longe disso! É na verdade resultado de momentos conturbados na minha vida (normal né rs).
No meio tempo que não escrevi aqui aconteceram muitas coisas...Larguei o emprego na Nestlé, tive projetos e muitas responsabilidades no curso etc. Enfim tudo isso acabou! O tempo em que o cansaço e a indisposição me venceram ficou para trás.
Agora pretendo retomar meu blog querido. =D
Peço desde já desculpas por estar meio enferrujada, mas logo pegarei o jeito de escrever aqui de novo.
Como texto-retorno pensei em um milhão de assuntos. Dentre eles as novidades do cenário político mundial, uma certa sociedade secreta 'fdp' que controla o mundo, saudades, infância... Tantas coisas que queria expor aqui!
Mas acho mais propício falar sobre algo que já prometi aqui outras vezes, a Juliana.


No final de 2009 a situação financeira aqui tava bem difícil. Eu estava no segundo ano do ensino médio, cursando em um colégio particular e só tinha uns 30% ou 35% de bolsa. O fim do ano se aproximava e já sabia que não poderia concluir o ensino médio lá, nem com 70%...80% de bolsa eu conseguiria pagar a mensalidade.
Para piorar, minha família não quis fazer muito para ajudar. Eles meio que se conformaram e já iam começar a procurar colégios públicos para mim. Tenho nada contra a escola pública não, mas a questão é que eu tinha amigos lá na antiga. E além do mais, gostava de lá, me sentia em casa. E sem contar também que... eu queria passar no vestibular, e sabia que sem a boa base que tinha lá, seria ainda mais difícil.
O jeito foi tomar coragem e ir até a diretora.
Pedi um emprego- como outras alunas e ex-alunas já pediram pelo mesmo motivo.
Elas trabalhavam ou na secretaria ou na educação infantil, então fui na intenção de trabalhar na mesma coisa. Aceitaram minha proposta; mas no primeiro momento eu não sabia qual seria função, só especulava ser como a das outras alunas-funcionárias.

Ficou combinado que eu começaria a trabalhar no primeiro dia de aula do ano seguinte.
E, sim,  seria um 'trabalho surpresa' até lá.

Chegado do dia...Bem, fizeram um discurso de introdução para me explicar o que faria. O resumo disso é: por ter um irmão autista, acharam que estava capacitada para tomar contar de uma 'criança especial', portadora da Síndrome de Down. Na hora fiquei sem chão. Primeiro porque mal tínhamos descoberto o que meu irmão tinha, portanto era novidade pra mim essa coisa de lidar com essas adversidades; segundo porque Síndrome de Asperger e Síndrome de Down não são nada parecidas.
E também fizeram uma propaganda bem ruim da menina, disseram-me que era agitada, briguenta e daí pra pior.

Nas duas primeiras semanas ela não foi à aula, e fiquei feliz por isso- admito. Torci para ter saído da escola. Na verdade, já tinha me acostumado com as outras crianças e estava morrendo de medo de não saber lidar com a Juliana.

Então eis que o temido dia chegou...
Caramba, como ela deu trabalho! Batia, cuspia, fugia pele colégio, puxava cabelos!
Cheguei em casa chorando vários dias, queria desistir!
Ah como me arrependi de ter pedido o emprego durante aqueles dias...
Estava ficando louca, cansada e completamente perdida!

A turma também não a ajudava, todos viravam as costas para a Juliana. E honestamente não tirava a razão deles naquele momento. Se tivesse 5 ou 6 anos e uma menina muito maior que eu já chegasse cuspindo, batendo e puxando meus cabelos, também não seria melhor amiga dela.

Foram uns dois meses assim, e honestamente não sei como consegui tanto tempo. Poucas horas com a Juliana já me levavam à exaustão.

Foi então que Deus ouviu minhas preces! A Juliana e eu mudamos de sala: outra professora, outras crianças... E foi lá que as coisas enfim melhoraram.
A tia Elô já havia trabalhado com a Juliana antes. E foi ela que me ensinou a lidar com a menina. Fez com que  percebesse que ela não era daquele jeito violento, só agia assim quando se sentia  rejeitada. A tia Elô foi praticamente uma mãe que ganhei, é uma pessoa que estará sempre no meu coração, com o maior carinho e gratidão do mundo.

Graças a essa mãezona, daí em diante tudo foi tão diferente... não só no emprego, mas na minha vida também. Aquela menininha foi capaz de me transformar de uma forma que só Deus sabe.
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Nisso passou um ano,terminei a escola e não tinha mais obrigações com a Ju.
Mas inesperadamente voltei para o colégio, para cuidar da Juju (não conseguiram alguém que soubesse cuidar dela, pra ser bem sincera ). Dessa vez, não quiseram deixá-la com a Tia Elô, pois acharam que se desenvolveria melhor se aprendesse a lidar com outras professoras também.

Enfim a Juliana era minha responsabilidade- só minha.
A outra professora não levava muito jeito com ela, e as outras crianças também não eram lá muito amáveis com as diferenças.

Quando notei eu já estava protegendo a Juju daquilo tudo, cuidando dela mais como se fosse uma filha do que um trabalho.

Eu me diverti tanto quando nos tornamos amigas!
Sim, porque éramos amigas.
A gente brincava, ela contava as coisas da sua vida, suas invenções, sempre me perguntava se estava bem e fazia carinho.

E numa sala com cerca de 30 crianças, preferia a Juliana a qualquer outro.
Mesmo com seus problemas e dificuldades; porque ela é especial sim, mas não pela síndrome.
Sabe, o carinho dela era mais sincero. Ela era espontânea e inocente como nenhuma outra criança ali.

E falando sério...hoje dói tanto olhar pra trás...
Sinto tanto sua falta...

Mesmo quando estava triste e cansada aquela menininha era uma pontinha de luz no meu dia. Ela me fez feliz como poucos fizeram. E ao contrário de todos, ela fez isso só por existir; sem se esforçar, sem a  intenção.

Aquela garotinha é muito mal compreendida; e no começo eu fui uma das que compreendeu mal.

Ela é doce, carente,teimosa e brincalhona.
E sabe a única coisa que ela precisa? De amigos. Ela só precisa de alguém que confie nela e em quem ela também confie. Uma vez que ela percebe que alguém deu um voto de confiança, ela cumpre o que promete sem precisar ser vigiada o tempo todo.

Confiar nela não era pra ser difícil...

Infelizmente é.

Ninguém olha pra ela e vê uma criança linda. Olham e enxergam a Síndrome de Down- procuram nela traços da personalidade de quem tem essa síndrome, justificam tudo pela porcaria da Síndrome de Down.

Juliana gritou? Ela tem Down;
Juliana bateu? Ela tem Down;
Juliana cuspiu? Ela tem Down;
Juliana é uma CRIANÇA- Ela não é só a Síndrome de Down. 

Ela grita sim, porque a tratam com discriminação.
Ela bate sim, porque seus coleguinhas simplesmente se desfazem dela na maior cara de pau, como se ela não estivesse do lado ouvindo tudo. Na verdade, chega a ser cruel a maneira como a excluem.
Ela cospe sim, principalmente quando você chega brigando com ela pelos motivos anteriores, sem mostrar a menor compreensão pela situação.

E as mesmas pessoas que acham que tudo que ela faz é errado são incapazes de puni-la. Adivinhem qual o motivo... "Ela é uma criança especial". Ela ser 'diferente' é motivo pra tudo... é uma ótima maneira de disfarçar a inércia e a incompetência de quem não sabe tratar a menina.

Ela até pode ter dificuldades por ser Down. Mas convenhamos que não é burra, oras!!

Eu NUNCA dei confiança pra dona Juliana.
Ela fazia algo errado, e por mais que eu compreendesse os motivos, brigava sim.
Deixava de castigo, sem recreio, sem coisas que ela gostava de fazer.

Mas eu JAMAIS fiz isso da forma que outros tentaram fazer. Não fazia isso pra puni-la, e sim para educá-la. Eu dava um castigo mas explicava a razão. Fazia-a compreender que fez algo errado; ela pedia desculpas para quem machucou ou seja lá o que tivesse feito. E não só isso: também conversava com quem causou essa reação nela, para que entenda que com carinho e respeito a Ju vira a melhor amiguinha que algum deles poderia ter.

E para aqueles que ACHAM que sabe lidar com a Juliana, mas quando estão com ela só percebem o jeito agitado e as atitudes erradas, uma observação: Quando estava comigo ela era educada. Mil vezes mais educada que qualquer outra criança daquela turma. Juliana sabia bem o que era um por favor e um obrigada. Pedia desculpas e com licença.
Quando eu tomava conta dela, ela parou de fugir todos os dias, correndo pelo colégio e se escondendo. Ela começou a aprender a ler, já sabia os sons de algumas sílabas e começava a aprender o próprio nome. Ela se tornou carinhosa até com quem não lhe dava lá muita atenção. Ela respeitava e obedecia.

Eu, com meus 18 anos e nenhuma instrução pedagógica, consegui muito mais do que muitos com anos de profissão e experiência com 'crianças especiais'.
Por que?
Porque pra mim Síndrome de Down não torna ninguém bicho. Não torna ninguém menos criança,menos humana.  E, sim, isso aprendi com a Juliana.
Não foi uma lição tão difícil assim, eu só precisei abrir um pouco mais meus olhos e minha mente, observar como ela precisava ser 'normal', como ela queria ser aceita.

Para trabalhar, abri mão de muita coisa. Momentos com meus amigos, aulas de pré-vestibular, brincadeiras.... basicamente abri mão dos meus 17 e 18 anos. Mas tudo que vivi com a Juliana valeu muito mais.

Mas,se hoje me dessem a opção de passar os intervalos com meus amigos, assistir aula, ficar com a 'galera', eu sem a menor sombra de dúvidas escolheria passar o tempo com a Ju.

Tudo que essa menina me ensinou, tudo que vivemos, não ensinam em sala de aula e nenhum dos meus colegas de classe já experimentaram.

Ela foi o que aconteceu de mais marcante. Graças a Juliana minha vida tem um marco, tem algo que realmente valeu a pena e de que me orgulho.

E antes de qualquer pessoa querer lidar com alguém 'especial', dou um conselho: garanto que vocês têm muito mais a aprender do que ensinar.
Então feche a boca e abra o coração.
Simples assim.
Desse jeito deu certo pra mim e pra ela.

Eu só deixei o emprego porque infelizmente um colégio familiar é algo parecido com um clã. Não há muitas possibilidades de crescimento e sou muito nova para me prender num lugar que não me daria futuro.

Saí de lá com o coração partido e com lágrimas incessantes.

Não, não sinto saudade de ninguém especificamente de lá, nem do colégio em si.

Mas a Juliana...
Como dói o coração ao lembra-la.
Se há algum arrependimento por te deixado a escola é por causa da Juju.
Queria tanto encontrá-la, visitar ou sei lá.
A distância dela me incomoda.

É curioso... consegui um emprego em que supostamente deveria cuidar de uma garotinha dependente e que precisava de cuidados. E quem se tornou dependente dela fui eu.










segunda-feira, 18 de julho de 2011

...

A mulher que aparece nessa foto é uma das pessoas mais maravilhosas que eu já conheci. Muito, muito importante para mim.
Quando eu não esperava mais ficar no Nilopolitano, ela me apoiou demais para conseguir manter minha bolsa de estudo, e caso não conseguisse, garantiu vaga numa outra escola onde  trabalhava. Foi graças à ela que, não só mantiveram, como aumentaram minha bolsa.
Foi durante os intervalos que passamos batendo papo que me aproximei de alguém que hoje é como uma irmã para mim. E também durante os intervalos que ela brincou, aconselhou e ouviu tantas pessoas. Foi então que a admiração por essa mulher passou também a ser amizade e carinho.
Ontem, depois de um longo tempo lutando contra um câncer, elas nos deixou. :'(
Mas o exemplo dela ficará sempre, assim como o carinho e as lembranças felizes.
Além de professora, atriz, amiga, confidente, mãe... essa mulher foi uma guerreira e tanto, não só nessa fase ruim, mas em toda a sua vida.
Sua luta contra a doença foi mais do que lutar pela vida; na verdade, ela tinha todos os motivos para desanimar e desistir de tudo quando recebeu o diagnóstico de um câncer que já matou entes queridos. O que a manteve firme foi o amor pela família, o desejo de ver a filha mais nova crescer, acompanhar as filhas mais velhas nas suas novas vidas.
Nesse tempo ela se manteve tão alegre que nos fazia sentir vergonha de nos preocupar tanto. Parecia que nada a abalava.
A imagem que ela nos deixou foi dessa mulher firme, forte, mãezona, de um coração sem tamanho.

Ontem, nós que ficamos, sentimos o impacto da sua ausência e uma pequena amostra do que ainda está por vir de saudade. Mas ontem, não resta dúvida, o céu entrou em festa com a chegada de uma pessoa que transborda alegria, sabedoria e nobreza de espírito.
Espero que de lá ela veja isso e saiba que agradeço muito, por tudo. Saiba também que sentirei muitas saudades.

Ah.. e aquele ovo de Páscoa de 6kg ainda está de pé, um dia...

Fica com Deus e sempre conosco, Tia Paula.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Cotas

A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) conta com um sistema de cotas que merece meu comentário.
Gostaria de saber onde, em nossa Constituição, está escrito que podemos segregar( de forma mais discreta, sim, mas é isso) indivíduos de acordo com grupos, cor ou profissão dos pais. Até onde eu sei a primeira regra básica é: somos todos iguais perante a Lei ( leia-se: com os mesmo direitos e deveres).
Aparentemente essa regra não é válida quando a intenção é mascarar preconceitos e fugir de soluções permanentes (numa sociedade hipócrita, as soluções permanentes sabem criar pernas e correr =D ).
Me corrijam se estiver errada, mas a grande diferença entre negros e brancos está na melanina, uma ou outra doença, mais possibilidades de câncer de pele, e mais o quê? Nada. Intelectualmente? Nada.
Um certo professor. defensor de cotas (e as usa também), perguntou a uma amiga para quem mandaria a conta dos 400 anos de escravidão, para ela ou para o pai.
Pergunta interessante.
E péssimo argumento/fuga.
Desde sempre os povos que perdiam batalhas eram escravizados, e isso independente se eram negros, brancos, azuis, vermelhos, amarelos ou rosa com pintinhas roxas.
Logo, se querem dar cotas porque os ancestrais de fulano foram escravos, todos têm o mesmo direito de reivindicar isso.
Isso sem falar dos que têm avós ou algum dos pais negros mas que, por pegadinha da genética, nasceram brancos.
Minha avó era negra. Minha mãe só nasceu branca dos olhos verdes graças ao meu avô, judeu de origem alemã. Convenhamos  que meus antepassados tiveram a mesma história dos desse professor, eu ser branca é mero detalhe.
Se povos que sofreram repressão garantem cotas ao decendentes... eu vou cobrar a minha então. Além de ter família negra, os decendente de judeus que fugiram do nazismo marecem uma 'ajudinha' também. Suponho que eu devo exigir concorrer por duas cotas então.
Sabem por que isso não vai mudar tão cedo? Pura hipocrisia.
O governo que permite essas cotas é o mesmo que sabe que a maioria que vive em favelas e é estatística em criminalidade é negra. Foi um erro histórico. A Lei Áurea não deu assistência aos ex escravos, tudo foi feito de repente, nada de planejamento.
Mas os tempos são outros.
OU será que não?
O que mudou foi a forma de discriminação, agora mais discreta.
As cotas são como crianças marrentas que batem, xingam, infernizam a vida de uma menorzinha e depois dão um pirulito só pra ela não abrir a boca; se fazem de coleguinhas e recomeça a sessão de opressão.Traduzindo: serve de 'cala boca'
A política deveria dar base para as pessoas vencerem por seus esforços.
Escolas públicas com estrutura(o que por sinal eliminaria mais uma cota: a de escola pública); professores valorizados, que saibam avaliar e sejam sempre avaliados;alunos com assistência além dos portões da escola. Fórmula que todos sabem mas ninguém põe em prática.
A consequência do velho hábito de "varrer para debaixo do tapete" são vagas e mais vagas sobrando, turmas enormes de cotistas  repetentes e sem aparente condição de prosseguir no curso, já que a base, o mais importante, falta.
Como vai ser pra um negro conseguir emprego assim depois? O empregador vai supor que eles usaram cotas. E por mais que seja um bom profissional, no primeiro momento (o da contratação, onde o que vale é o currículo), se entrou por cota é como se nem devesse ter feito a faculdade. Afinal, por regras normais nem estariam classificados. E imaginem a cabeça de quem emprega... como confiar plenamente em médicos, engenheiros, advogados e tantos outros que não entrariam em seus cursos se não fosse a 'ajudinha'?
No dia que alguém se interessar em mudar algo o merecimento e o ensino básico serão prioridade. Então todos que chegarem a uma faculdade será por merecimento e a disputa será justa.
Será que viverei para ver esse dia?
Honestamente, duvido muito.
É mais fácil fingir que todos são capazes, nada de anormal o 2000º  candidato entrar enquanto o na posição 200 torce por reclassificação e corre o risco de perder mais um ano estudando freneticamente. Viu, um país feliz ! =D

Isso vai também para as outras cotas...
Índios? Como assim? Nas reservas  há escolas também. E na teoria eles são cidadãos brasileiros como qualquer outro, também têm que contar com escolas de qualidade; se existe cotas para eles é porque, na prática, há algo de muito errado.
Deficientes físicos? Físico é diferente de mental; eles não são incapacitados de passar por seus méritos. Precisar de rampas, elevadores, condições especial pra fazer a prova? Tudo bem, mais que justo! é direito deles. Mas ter a vaga garantida é passar do limite, a capacidade intelectual está lá independente de uma cadeira de rodas. E justamente por serem pessoas capazes deveriam entrar na disputa como qualquer outro.
Filhos de policiais... Confesso que eu imagino o que se passa na cabeça de um candidato pensando se encontrará seu pai quando chegar em casa, só Deus sabe se vai sobreviver a uma dessas incursões aí. Porém vem a questão dos direitos e deveres iguais. Quanta gente já fez a prova com parentes internados, em luto, com problemas de saúde graves? Ninguém perguntou antes de fazer a prova se está tudo bem, muito menos ofereceu cota se o candidato não estiver em condição de se concentrar.

Não sou do tipo radical: "COTAS ACABEM JÁ!".
Como já disse... Tudo começa mudando a base da educação nesse país. Se começassem a mudar hoje eu particularmente daria um prazo de 5 anos até poder acabar de vez com cotas O problema é que ainda não tem gente trabalhando pra isso. E olha que estamos umas boas décadas atrasados, essa questão não é nova não.
Sou daquelas que aposta o futuro do país na educação. Formar bons profissionais começa aí.
Para fazer o Brasil ser um país de qualidade as pessoas que devem melhorar-- se capacitar, lutar ponto a ponto por vagas ( e assim só os melhores MESMO entrarão), aqueles que não conseguiram de primeira se aprimorar até conseguir no ano seguinte (por mérito). O sistema não tem que se adaptar às carências, e sim combatê-las.
Para ser bem sincera, nem vestibular deveria existir, por mais que não tenha muito a reclamar.
Eu acho que a partir de 5ª série (novo 6º ano) as crianças já deviam ser preparadas, já deviam focar na faculdade. Então, para escolher seus alunos, as faculdades deveriam analisar os históricos. Os melhores alunos, com pelo menos 70% das notas boas, sem muitas faltas, sem comportamento ruim nesse tempo todo que deveriam passar. Claro que casos de péssimos alunos (tendo uma melhora muito boa principalmente nas matérias do curso escolhido) merecem ser avaliadas como os de alunos excelente; ninguém deve desmerecer o interesse do aluno, por mais que tardio.
Creio que seja a melhor maneira de não ser injusto. Nesse Enem,por exemplo, quem acordar num dia bom passa; quem acordar resfriado e com cor de cabeça tenta de novo ano que vem porque com certeza não vai aguentar 180 questões num final de semana. Definitivamente injusto.

Enfim...
Espero conseguir presenciar o nascimento desse  novo país, fazendo parte da mudança.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fernandes Figueira

"Estabelecido em 1924, o Instituto Fernandes Figueira é a unidade materno-infantil da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Realiza pesquisa, ensino e assistência - principalmente no nível terciário - no âmbito da saúde da saúde da criança, da mulher e do adolescente, sendo referência mundial em tratamento em diversas doenças de alta complexidade."



"Neste local, em 1924, com o nome de Abrigo Hospital Arthur Bernardes foi criado por iniciativa de Carlos Chagas, então Diretor do Departamento de Saúde Pública do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, e de Antonio Fernandes Figueira, chefe da Inspetoria de Higiene Infantil do mesmo Departamento, o centro de excelência que atualmente conhecemos como Instituto Fernandes Figueira.
O Hospital foi criado para suprir a falta de um estabelecimento destinado ao atendimento específico das crianças. Logo, o Abrigo começou a se constituir num grande centro de pediatria brasileira e colaborador de estudos nesta área da medicina. Só em 1946, passou a chamar-se Instituto Fernandes Figueira – em homenagem ao seu patrono, falecido em 1928.
A partir daí, assumiu o papel de Centro Científico destinado a promover pesquisas relativas à higiene e à medicina da criança, estudos e pesquisas biomédicas sobre maternidade, infância, adolescência e problemas sociais correlatos.
Em maio de 1970, por força do Decreto 66.624, o Instituto Fernandes Figueira tornou-se uma Unidade Técnico-Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
"

Hoje contarei um pouco sobre essa Instituição, que tem sido tão presente na minha vida familiar. 

Creio que muitos aqui saibam que meu irmão é portador de uma doença crônica, a Síndrome de Asperger (para maiores esclarecimentos: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Asperger#Caracter.C3.ADsticas). Em resumo: Trata-se de uma forma mais branda de autismo.Essa definição é razoavelmente nova no Brasil, mas no exterior há bastante pesquisa nessa área. Inclusive, algumas pessoas famosas já assumiram a síndrome perante o público, como é o caso do jogador Messi.

Meu irmão vai a esse hospital há cerca de um ano e meio; lá se consulta com vários médicos de variadas especialidades. Nunca tive a oportunidade de acompanhá-lo antes, pelo menos não até esta semana, e venho contar essa experiência para vocês.

Eu poderia falar que o prédio é lindo- que parece um museu por causa da sua arquitetura clássica-, dos funcionários que atendem muito bem, dos médicos atenciosos, mas vou focalizar nos pacientes mais que especiais que eles atendem lá pois creio que foram a melhor experiência que vivenciei.

Sabe, é indo num lugar desses que aprendemos a agradecer a vida que temos. Lá encontrei crianças lindas, animadas, felizes- umas com autismo, outras com Síndrome de Down, algumas com deficiências físicas, alguns hiperativos- mas todos radiantes, brincando e sorrindo como se ali fosse a casa deles. E talvez seja mesmo como uma casa, afinal, passam boa parte de seu tempo nos corredores do hospital. E como todo lar com crianças, a bagunça é garantida.

Neste relato estão os casos que mais me chamaram a atenção. Porém há diversos outros que não caberiam nesse texto.

O primeiro caso já me esperava na entrada do hospital...

Uma menina linda, que provavelmente é autista, estava pra lá e para cá enquanto seu tio compartilhava sua história com uma mulher( mãe de uma garotinha com Síndrome de Down). Em resumo o que ouvi foi o seguinte: a mãe morreu no parto. Três meses depois o pai foi assaltado e reagiu, levou um tiro e morreu na hora. A menina acabou por ser adotada pelos tios, que, ao que parece, têm muito carinho por ela.
Reflitam que atitude nobre essa de adotá-la mesmo cientes do desafio que representaria. Quantas pessoas por aí seriam capazes do mesmo?

Depois de ouvir essa história eu reparei numa outra menina- não sei exatamente o que mais tem, mas é hiperativa sem dúvidas! Reparei nela quando passou por mim pela 90ª vez, correndo pra lá e pra cá. Era absurdamente linda! Deve ter entre 11 e 13 anos, mas já em um corpo incompatível com a pouca idade e um rosto lindo de boneca.
Uma menina que não combina com um hospital, mas não estava nada incomodada lá. Os corredores já eram familiares e ela agia como quem faz sala às visitas. Ela passava e cumprimentava alguém, então voltava e mexia com algum bebê, sentava no colo da mãe, ia à biblioteca, depois sumia e voltava pra falar com mais algum desconhecido de novo. Não pude conter o sorriso, minha mãe disse que parecia comigo: "tagarela que só!".

Ah, tinha também um adolescente com autismo, o Diego. Esse me rendeu muito tempo de observação!
Ele pegava minha mão, levantava, mexia no relógio, na bolsa, e depois na minha mão de novo. Não parava um minuto e sua mãe estava muito preocupada- afinal, do nada sumia ou mexia em algo tipo a TV caríssima pendurada na sala de espera com um aviso ao lado "Não mexa na TV, por favor". A esperteza do rapaz em fugir dos olhares da mãe era de fato cômica para quem assistia.

Depois conheci outros autistas lá. O dia foi repleto deles.

Mas um me chamou muito a atenção. Me intrigou, para ser mais exata.
O jovem juntava o polegar ao indicador, formando um círculo com os dedos; e na outra mão abaixou todos os dedos, deixando só o anelar. Ele tentava algo aparentemente simples, como encaixar o anelar no círculo que formou, mas não conseguia fazê-los chegarem perto do outro. Na mente dele devia ser algum tipo de objetos que se repeliam, haviam alguma força invisível que não os permitiam se aproximarem.
Até então OK. Logo em seguida (após várias tentativas frustradas) suas mãos começavam a tremer, ele ficou extremamente nervoso com o fracasso do experimento. Eis que o jeito era esconder as mãos e esperar se acalmar para retomar. Quando não estava fazendo isso, estava falando sozinho, rindo de piadas que só ele ouvia, às vezes ele se batia como se houvesse algo indesejado encostando nele. 


Não consegui desviar o olhar. Observei tentando absorver seus pensamentos e entender qual a lógica se passava por detrás daqueles gestos. Claro, não obtive resultado, mas a experiência não fora em vão.

Estando lá, vendo como essas crianças vivem em um mundo só deles, um mundo no qual não há essa história de deficiências e onde a estrangeira sou eu, percebi o quão aquilo tudo não fazia diferença para eles. Nós que temos o péssimo habito de julgar quem não se parece conosco. Para cada um ali, a individualidade que era o especial.

O amor das mães também foi algo realmente extraordinário de ver. A maioria delas já pareciam acostumadas com aquele lugar, já tinham amizades e passatempos. 

Todas tinham o cansaço em comum. Este se refletia em seus olhares vagos, que deviam estar a milhares de quilômetros dali; mas quando seus filhos se aproximavam, abriam um sorriso que iluminava todo o lugar e ficava nítido que não havia outro lugar que quisessem estar. 

Aquelas mães são mulheres que merecem minha admiração por cada gesto que presenciei lá, por cada olhar de carinho e amor que presenciei. Confesso que fiquei olhando, imaginando cada coisa que elas abriram mão para estar ali, a luta individual de cada uma por seus filhos, quem me dera um dia ter um amor e uma dedicação tão sincera por outra pessoa...

Ah! Tenho que relatar aqui também as pessoinhas mais lindas, gostosas, fofas e bochechudas que vi.

Duas bebês, uma não chegava nem aos seis meses e a outra devia ter pouco mais de um ano. A primeira estava no colo da mãe, tão bonita quanto a filha. Ela tem uma doença que não sei o nome mas descrevendo diria que o queixo e o pescoço são um só, inchados. Tão pequena, a mãe tão jovem... Foi isso que mais me chamou a atenção. A mãe parecia ter no máximo 23, 24 anos. E ela tinha uma postura de mulher forte, uns olhos vidrados na neném.Era uma admiração que vidrava olhares ao redor, sabe? Como se o bebê fosse o que há de mais valioso em todo o mundo e, estando com ela ali, fez com que todas as pessoas sumissem.

A outra menininha reparei enquanto descia as escadas rumo ao refeitório. A pele clara como uma folha de papel [ ps; tinham uma menina albina lá também, um amor de criança], cabelos cacheados e dourados, uma criança belíssima. Foi então que ela virou o rosto. Já viram os olhos do Corcunda de Notredame? Um olho diferente, como tivesse um caroço por dentro da pele, trazendo o olho para baixo e em direção diferente ao outro. 

Posso te dizer a verdade? Choca, choca muito. Porque ao ver uma menina assim passa logo pela cabeça: como ela vai reagir sendo assim toda a vida? O que será que ela vai passar? Será que um dia vão machucar seu coração na escola, será que alguém vai maltratá-la?
Ao observá-la minha mente vagava entre presente e futuro. Queria acreditar que ela seria bem cuidada e tratada por gente boa. Mas, sabem, o mundo não é bom. Refletir sobre isso me entristeceu de tamanha forma que interrompi o pensamento por falta de coragem.

Sabe aquela mãe com a filha portadora de Síndrome de Down que comentei no início, a que estava conversando com o tio da menina autista? Então, a menina se chama Ana e enquanto meu irmão se consultava comecei a conversar com a mãe.

A indignação foi tomando conta de mim durante a conversa... Quem me conhece já sabe: eu tenho um carinho especial por crianças com Down ( Juliana que o diga! Por sinal estou devendo um texto pra ela aqui, me lembrem de postá-lo!).
Bem, a moça começou a me contar da dificuldade de encontrar um colégio, ela a muda de escola de ano em ano. Durante a conversa a menina tinha picos de agitação e tentava fugir, se debatia, e a mãe com toda a calma fazia a menina sentar; eu me via logo ali, cuidando da Ju.
Ela me contou que a Ana tem 11 anos, assim como a minha Juliana. Ela também não sabe ler nem escrever, mas ao contrário da Ju ela não gosta de escolas, mal pega em um lápis. Isso aconteceu porque uma das "tias" foi "ensiná-la" e acabou machucando a mão, a metade da unha da menina chegou a cair. Como qualquer outra criança, e principalmente uma criança com Down, a memória da Ana alerta toda vez que chegam perto dela tentando ensiná-la. Assim, não aceita mais ajuda pois acha que vão feri-la de novo.

A mãe foi até a escola, a mulher que se diz "tia" fez o seguinte comentário :" Não sei porque crianças assim frequentam escolas, não aprendem nada mesmo." e ainda disse posteriormente que foi treinada para lidar com autismo e não Down, portanto não podia cuidar da garota. E desde então a mãe ouve relatos que a menina fica vagando pelo pátio do colégio enquanto as aulas acontecem. 

Olha, me deu uma raiva tão grande, um aperto tão forte no coração! Juro que pensei que se um dia fizessem algo assim com a Juliana eu ia cair na porrada com a tal mulher. Me considero super calma e da paz, mas nesses casos eu sei morder também... Acabei aumentando um pouco meu tom de voz e falando: "Que absurdo! Pra cuidar de uma criança assim só precisa de paciência e carinho!! Ter um bom coração não é algo que ensinam em curso não, eu hein!"
A mãe chegou a perguntar onde eu morava,  queria me contratar para cuidar da Ana. Mas elas moram perto da Lagoa, beeem longe daqui. Me partiu o coração não poder fazer muita coisa por ela. Sensação péssima essa de ser incapaz de ajudar numa causa da qual compartilha.

Eu não entendo como existem pessoas que se comprometem a trabalhar como educadoras e fazem isso com quem mais precisa de educação e apoio. Nessas horas a única maneira de me controlar é pensando numa justiça Divina... até porque se dependesse da minha coitada da mulher.

Por falar em gente que duvido que tenha coração...

Teve um caso lá que me deixou irada, e a minha mãe sem conseguir nem olhar....
Um menino, em cadeira de rodas e pelo jeito com paralisia ou algo parecido. Ele não se mexia, não falava e nem mesmo comia.  Depois de se alimentar através de vários tubos, eles foram para a sala com a TV. A cabeça dele caiu várias vezes, tive a impressão que estava tentando se ajeitar para assistir à televisão. Então a mãe vinha numa brutalidade e puxava a cabeça do rapaz para trás, de volta ao lugar. Parecia que ia desmontar o garoto- sem exageros.

Eu parei, chocada, sem conseguir desviar o olhar da cena. Não conseguia parar de questionar como aquela mulher é mãe, como ela age assim, ao contrário de todas as outras mães que lá estavam.

Pensei em tantas coisas ruins... Depois tentei até defender. Justifiquei que ela devia estar muito cansada, que o menino devia dar mais trabalho, ser mais dependente dela, do que as outras crianças ali.Enfim, tentei justificar o injustificável. Mas é difícil demais, demais, demais! Não dá pra tentar entender... Saí da sala batendo os pés, sem o menor pudor de esconder minha indignação. Fiz uma oração silenciosa pelo rapaz e fui aguardar meu irmão na saída, me poupando assim de mais cenas desse tipo.

Bem, depois de tanto escrever acho melhor cortar o assunto por aqui mesmo. Esse texto enooooorme foi porque  precisava desabafar tantas coisas novas e fantásticas que descobri indo lá. Um mundo novo para mim, onde não há isso de ser 'normal' ou ser 'igual' a todo mundo. Todas aquelas crianças vivem em seu próprio universo, com várias aventuras e descobertas que não saem de suas mentes. Cada qual com seu conto de fadas e sua ficção científica, histórias que invadiam suas realidades sem deixarem de estar nas mentes. Eles vivem no mundo que querem estar, onde podem criar qualquer cenário, ser qualquer coisa. Eles são as crianças que todos nos queríamos continuar sendo.
Estar lá foi uma lição de vida.
Depois desta segunda-feira os meus dias mudarão, e disso tenho plena certeza (perdoem a redundância rs).

Nesta segunda eu descobri que preciso mais deles do que eles de mim. Não dá pra ser a mesma Rachel depois disso.

domingo, 17 de outubro de 2010

Por que a galinha atravessou a rua?

Porque ela tinha escolhas e decidiu atravessar.

O texto dessa vez vai falar sobre isso: escolhas e decisões.

Acho que às vezes não notamos que nossas vidas são feitas de escolha (isso ta parecendo slogan, percebeu?).

É a pura realidade... As escolhas preenchem nossos dias desde o acordar até o adormecer. Um exemplo... Quando acordamos temos duas opções (levantar ou continuar deitado), certo? Então, se decidir levantar, terá um dia inteirinho pela frente: escola, trabalho, ver os amigos, se divertir, tudo que várias outras escolhas vão fazer você viver. Se não levantar, pode perder o horário pro colégio ou trabalho, levar um esporro do seu pai ou sua mãe, ficar de mau humor e daí em diante o que vai fazer do seu dia depende de outras escolhas.

É uma questão até lógica, mas que passa despercebida.

Só notamos os ‘poderes’ das escolhas e das decisões que tomamos em três situações:

  1. Quando tiverem de ser feitas às pressas;
  2. Quando representam algo realmente muito importante;
  3. E quando dão errado.

Os outros casos acabam não sendo notados... Mas é com detalhes que a vida segue mudando de curso todo tempo. ;)

O mais engraçado é quando culpamos outros pelas nossas escolhas. Se decidiu fazer algo que o outro lhe impôs, foi escolha SUA. Se não fez, escolha SUA do mesmo jeito.

Depois, quando o arrependimento bate à porta, não adianta dizer: “Eu fiz isso porque me senti pressionado”. Peraí, né... Afinal, deixar-se pressionar e acolher esse sentimento também não foi uma escolha?

Decisões e indecisões estão sempre ligadas à pressão. É algo natural.

Quando cabe a você decidir algo importante, como aceitar um pedido de casamento [exemplo mais óbvio que encontrei] está implícita uma pressão. Da família, do companheiro, da própria sociedade, de você mesmo. E aí, se decidir errado, vai por a culpa em quem? Quem disse o “sim” foi você, lembre-se disso.

Só para constar, por pura curiosidade: na mitologia há até um deus para isso.

Então já temos alguém para sempre colocar a culpa, uhul!

Jano (em latim Janus) foi um deus que deu origem ao nome do mês de Janeiro.

Era o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças, representando os términos e os começos, o passado e o futuro. De fato, era o responsável por abrir as portas para o ano que se iniciava, e toda porta se volta para dois lados diferentes.Por isso é conhecido como "Deus das Portas".

Também era o deus das indecições, pois na mitologia se o encontrase uma cabeça falava uma coisa e a outra cabeça falava outra coisa.

Em certos casos há a opção “Voltar”.

Honestamente, eu acho impossível tomar essa decisão de voltar atrás no que fez ou falou se procurar o erro apenas na outra pessoa.

Não podemos culpar ninguém pelas nossas decisões, não podemos dizer que foi por culpa da pressão e não podemos sentar e suportar as conseqüências dos nossos erros sem nem ao menos tentar consertá-los. Consertar não faz as coisas serem como antes, mas demonstra que teve humildade de reconhecer que fez uma escolha errada, isso pode resultar numa nova chance, num perdão ou então uma consciência mais limpa... Mas como qualquer decisão, terá conseqüências, isso é certo.

Em resumo... Eu diria para tomar cuidado com as escolhas que faz; desde aquelas que aparentemente não causarão danos até as mais graves. Também aconselharia a não tentar encontrar culpado pelas escolhas que fez, e sim arcar com as conseqüências; caso não sejam conseqüências satisfatórias, voltar a trás pode ser uma opção a ser avaliada.

terça-feira, 6 de abril de 2010

"A gente não faz amigos, reconhece-os." E eu não o reconheço mais

Amigos, na minha humilde opinião, são aquela família que você não exatamente escolhe; na verdade, eles aparecem e sem motivos você quer tê-los cada vez mais perto, vão se tornando mais e mais importantes e quando se dá conta já os ama como uma família.
Me orgulho muito por poder dizer que tenho amigos assim atualmente, e me orgulho pelos amigos que tive e que '"saíram de sintonia" comigo. É aquilo... as pessoas entram na nossa vida por motivos, elas são necessárias para algo em nossas vidas, então um dia isso termina, o contato vai se perdendo, o companherismo diminui; é claro que isso pode ou não resultar no fim de uma amizade verdadeira, mas para algumas pessoas o enfraquecimento vale mais que a vontade de manter um amigo.

Eu tentei demais manter uma amizade. Um amigo que foi híper importante para mim, mas a distância fez ele achar que isso tinha acabado e agora ele está indo por um caminho ruim e não posso mais ajudá-lo.
Sou do tipo de pessoa que se incomoda profundamente por ver um amigo se afundar e ter que cruzar os braços e assistir. Odeio a sensação de impotência. Detesto me preocupar tanto com uma pessoa que já não se importa mais com isso.
Esse amigo sempre foi meio problemático; porém é inegável o quão importante ele era para mim, então eu tentava ao máximo ouvi-lo, entendê-lo e ajudá-lo, independente de como ele parecia ser para os demais. Recordo-me de quando nós brigamos muito, mas muito feio e ficamos uns meses sem nos falar... a reconciliação foi a choros e abraços de ambos e na frente de todos que quisessem assistir; hoje em dia eu olho para aquela cena com muito carinho, bons tempos em que compartilhava os choros e risos com ele.
O tempo passou e agora não o reconheço mais. Já fui avisada inúmeras vezes, por ele mesmo, que um dia nossa amizade acabaria e que ele não era exatamente uma boa pessoa. Rá, como se eu me importasse com avisos. Talvez esse tenha sido o meu erro, honestamente eu não sei em que ponto as coisas ficaram fora de controle como estão agora.
Será que houve algo que não sei com ele? Será que foram más influências? Será que ele desistiu dele mesmo? Ah, como queria voltar no tempo e estar mais presente. Que sensação estúpida de culpa. Inútil.
Aparentemente desistiu dele mesmo. Simplesmente chegou à conclusão que estava no caminho errado e achou que o errado era ele, e em vez de assumir que está no tipo de vida errada e mudar ele preferiu assumir esse caminho como sendo o dele, sendo quem ele é, e decidiu seguir assim por toda a vida. Vida medíocre. Que vida é assim: onde a pessoa fica paralisada em algo ruim, sem uma busca por evolução?
A desculpa mais esfarrapada foi que ele não espera viver mais que tantos anos lá. Curioso... o ser humano é assim mesmo, diz não temer a morte até se ver cara a cara com ela. Aposto que faltando um mês para a idade que ele estipulou ele entrará em desespero, pedindo mais e mais vida; mas será tarde, ele não terá mais o quê recuperar. Por que eu insisto em alguém assim? Porque quando esse dia chegar ele vai querer recuperar tudo que desperdiçou e vai lembrar que uma completa idiota insistente tentou avisá-lo e se preocupou com ele.
Ele disse que não quer ouvir críticas sobre as decisões dele. Como alguém tão convicto se afeta tão fácil com opiniões contrárias? É, pelo visto, ele não está tão certo do que está fazendo. Então por quê faz? Definitivamente fugir dos problemas se tornando alguém pior não é solução. O que custa pedir ajuda ou simplesmente ouvir àquele que oferece um ombro amigo?
Eu não acho que seja pedir muito, eu só queria uma reflexão. Rebeldia dá e passa, mas as consequências dela ficam. Não dá para ser um adolescente rebelde, que acha que o mundo está em suas mãos, pro resto da vida. Quando essa fase acabar só resta duas opções: cai na real ou adere essa vida de vez, e se torna uma pessoa à margem da sociedade. Acho que se quisesse evoluir em algo já teria começado, então presumo que ele escolheu a segunda opção.
É uma pena eu não poder estar por perto. Como eu queria fazer algo! Mas não consigo mais me aproximar, já existe uma barreira muito grande separando a gente; como eu queria continuar a insistir, tentando quebrar essa barreira, mas não quero assistir de perto alguém que amo tanto estragando seu futuro.
--> Do fundo do meu coração, todos os dias vou pedir por você, P. Eu só não estarei por perto enquanto você tiver tentando se matar aos pouco, mas quando isso mudar pode ligar para mim. Estarei disposta a te ajudar e oferecer apoio em tudo que você precisar. Eu amo você, meu melhor amigo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Relacionamentos

Nesses últimos dias me deparei com certas questões que envolviam relacionamentos. Não demorou muito para começar a pensar neles de um modo mais geral, acabei fazendo uma série de reflexões e decidi postá-las aqui, sendo elas óbvias ou não. :p

O primeiro e mais básico de todos é a família. Essa é uma que me interessa particularmente; já ouvi coisas do tipo que as pessoas não amam os pais, mas os papéis que eles representam. Bem, eu acho muito difícil você conviver com pessoa durante toda sua vida e não amá-las; e isso independente do papel que tenham. Você aprende a respeitá-las e admirá-las como são, com seus erros e acertos. 

O laço familiar nem sempre é bom, nem sempre esse amor ocorre; já vimos bastante casos de filhos que matam os pais ou pais que matam os filhos, pelo jeito esse pessoal não ama nem o papel que lhes foi dado. Há filhos com relações tumultuadas com um dos pais senão os dois, há filhos que amam seus pais acima de qualquer coisa, há filhos adotados aparentemente mais amorosos que os biológicos, há casos e casos por aí. Então vem a pessoa e diz que amamos nossos pais só porque são nossos pais? E os filhos que ficam anos sem ver os pais, brigados, e do nada voltam a reencontrá-los e mesmo assim amando-os devem ser hipócritas então, pela lógica dessa teoria né, afinal os pais nem tiveram papel na vida dessas pessoas.

Tem um monte de gente que nem ama, e tem gente que ama pais que nem são seus pais mesmo, e aí, como fica a teoria? Vai pelo ralo. ¬¬

Outro caso interessante são as amizades. Será que, por ser amizade, não pode ser amor? Ah, também já ouvi isso;amor, paixão e amizade são coisas distantes e que não podem haver ao mesmo tempo com a mesma pessoa. 

Bem, não acho nem que esteja tão errada, se olharmos superficialmente encontraremos até lógica. Mas essa afirmação limita o poder do ser humano de amar, ter amizades e se apaixonar. Eu poderia me prender ao tópico "Amigos podem se apaixonar e continuar sendo amigos", seria um tópico muito bom; mas vou para o lado Amizade X Amor mesmo. ;) Esse me deixa intrigada. Pela lógica usada uma pessoa não pode amar seus amigos, e namorados não podem ser amigos também. 

Engraçado, eu amo meus amigos, não casaria com eles, nem mesmo os beijaria ou teria um caso com eles, mas ainda assim os amo. Amor não é aquele sentimento que te faz, acima de tudo, admirar e respeitar outra pessoa, sendo capaz de muita coisa só para ver a outra feliz?

Eu sinto isso por meia dúzia de pessoas e não sou tenho nenhum desejo de namorar ou algo do tipo romance; essas pessoas são meu grupo de amigos para quem eu digo "eu te amo" sem medo ou sem esperar resposta. Acho um amor tão digno quanto o amor homem-mulher, até mais, pois esse amor você LITERALMENTE não ganhará nada em troca, a não ser, claro, um sorriso, ou uma confissão, um voto de confiança, e isso já basta. 

Mudando o rumo... Então um casal não pode ser amigo? Bem, provavelmente quando surgir a pergunta "O que você considera essencial em um namoro/casamento?" uma pessoa falaria companherismo, confiança, lealdade,sinceridade e blá blá blá. Hmmm.... Isso também não é o básico de uma amizade? Para mim, sim. A base de um relacionamento homem-mulher é justamente a amizade e o amor juntos. E aí, como fica a teoria que não podem existir ao mesmo tempo com a mesma pessoa? Vai pelo ralo. ¬¬

Esse desenho(->) mostra bem o que seria um amigo na minha concepção. Na legenda desse desenho no site onde o achei estava escrito "O verdadeiro amigo não é aquele que sempre vai te levantar; é aquele que nunca vai deixar você cair"

 

Eu bem que gostaria de aproveitar o embalo e falar de relações amorosas mais profundamente aqui, maaaaaaaaas... acho que esse assunto merece um post só dele mais para frente.


É isso ae, Feliz Natal gente(isso não tem nada do assunto que postei mas não podemos esquecer a data  rs) ;)

Beijos Beijos








sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Futilidade=Cegueira=Mau gosto





"Futilidades ou coisas fúteis são atividades, conversas ou sentimentos vazios que não levam a crescimento algum. Também pode-se dizer que são informações sem conteúdo.
Coisas sem conteúdo. A palavra futilidade se refere à falta de valor, sem importância, vulgar, banal, sem sentido, sem nexo, sem noção, vazio.
Ainda pode-se dizer que é: bobice, boboquice, chochice, frioleira, frivolidade, inânia, leveza, leviandade, levidão, ligeireza, ligeirice, nugacidade, nulidade, coisa sem valor, pequena; insignificância, ninharia, tolice, vaidade, vanidade, etc..."

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Futilidade


Bem, esse texto tem 50% de chance de agradar e 50% de não agradar.  As minhas opiniões sobre isso podem atingir alguém que se enquandra no que penso, ou gerar opiniões muito distintas das minhas, ou então opiniões semelhantes; mas independente do que o leitor irá pensar durante e depois de ler esse post eu me sinto na obrigação de falar o que eu penso sobre isso de todo coração.

O consumo e o meio dersenfreado que ele é estimulado pela mídia está criando consumidores excessivos, doentes até. As necessidades são deixadas em segundo plano, e o desejo de comprar mais e mais e sempre do melhor e mais caro possível é algo extremamente natural atualmente. 

Me digam vocês, comprar um celular novo é legal né? E um mp4,5,6,12...? Um PS3, PS portátil, um Xbox?

É muito compreensível  querer um celular, um mp alguma coisa, um video game moderno; para essas pessoas que tem alguns ou um de cada disso tudo e está satisfeito, ótimo. Mas há também aquelas pessoas que no mesmo ano já tiveram três celulares, três mp4, um mp12, um Xbox (e um ano antes um PS2)... Agora me digam onde está a necessidade disso?

Pessoas com dinheiro não dão valor as coisas que possuem, pois logo haverá uma melhor no mercado e elas sempre vão poder comprar. Vivem alienadas pensando em computadores mega modernos e aparelhos recém lançados, ou em roupas e tênis de marca, ou em qualquer outra coisa que faça essas pessoas se sentirem no status que elas tanto desejam. 

Honestamente, não sirvo para viver assim. Tenho consciência de que conforto e tecnologia são ótimos mas não é do meu interesse renová-los todo mês, acho que saber cuidar das suas coisas e dar valor para elas é o que as torna interessantes. Isso sem contar que, para quem tem essa visão fútil de vida, a espiritualidade e o desejo de melhorar como ser humano- e não como estoque de coisas- fica esquecido. Gente avançadíssima no Windows 7 e no Iphone mas que é pobre- seja de caráter, respeito ao próximo, amor, carisma, humildade, simplicidade.

Cegas, essa é a descrição que define o que penso. Pessoas que não vêem o mundo do jeito que ele realmente é, só o conhecem através de máquinas; não dão valor nem ao que tem, imagine o valor de devem dar às pessoas então. 

Agora saindo um pouco da parte séria do assunto...

Sejamos sinceros que essa cegueira atinge também o gosto das pessoas. A moda dita o que elas vão comprar e achar bonito. Interessante quando a moda não tem nada aver com a pessoa e lá está ela vestida ridiculamente e se sentindo na moda independente do quão ridícula esteja.

Sabe um exemplo que me chamou atenção? Brincos masculinos. Olha, uns usam piercings com brincos, só que piercings so tipo BEM chamativos tipo uma bola enorme e laranja e na outra ponta uma menor e verde :S. É aquele tipo beeeem sem noção mas que está feliz, afinal está na moda.  Pior são aqueles que usam brincos que o deixam com cara de mulher só porque os amigos também usam. Imaginem um homem usando um brinco com uma pedra bem grande e chamativa e que provavelmente sequestrou na caixinha de jóias da mãe ou da namorada. É aquilo, talvez os amigos não fiquem parecendo uma mulher em roupas de homem, maaaaas... tem homens que já têm um rosto feminino e ainda dão esses moles.

E as mulheres muito gordinhas que compram aquele vestido carééériimo que será moda no outono europeu e o vestido a deixa parecendo uma daquelas capas pra botijão de gás, com as celulites à mostra e quase não conseguindo respirar porque a loja não tinha tamanho Extra GG?Tudo bem, estão na moda ;)
Se isso está deixando elas no centro dos olhares maldosos e todos riem, tudo bem, tá poderooosa mesmo assim e só isso importa.

Esses dois exemplos são aquelas pessoas que não escutam a opinião de quem realmente se importa e fala com elas- um amigo mesmo é aquele que fala a verdade. Se importam em fazer algo inovador ou algo igual a todos, sempre almejando atenção de quem não deveria importar, sem pensar se isso serve ou não para elas; o que importa é que serviu para os outros e eles gostam.

Hum... Acho que agora entendi qual o real motivo para alguém desperdiçar a vida dela SÓ com futilidades: é para conquistar outras pessoas fúteis, é para se incluir. Mas aí fica a questão: agradar essas pessoas é importante em quê? Na minha humilde opinião, nossos verdadeiros amigos são aqueles que estão conosco até debaixo da ponte, sem mp12, celular moderno e roupas caras. A opinião sincera desses importam muito mais do que as opiniões de pessoas que não conhecem você, mas conhecem o seu vestido de catálogo do outono europeu.

Enfim, futilidade para mim é isso. É conquistar pessoas e status por meio coisas materiais; não ser original e único como deveria; ser apenas mais um boi na boiada, sendo guiado às cegas, e feliz por se sentir perto e amigo de outros cegos como ele próprio.



^^ É isso gentem, até o próximo post



Beiijooos ;)